Foi em 2012 que o empreendedor de 19 anos, Sahil Lavingia, publicou o livro Building A Billion Dollar Company. Como o título sugere, o sonho dele era que sua empresa fosse um grande e importante unicórnio americano, algo parecido com a companhia de seu ídolo, Bill Gates. O universo parecia conspirar para tal: o empreendedor era o dono da startup de e-commerce Gumroad, que tinha levantado um financiamento de USD 7 milhões da Kleiner Perkins e tinha milhares de usuários no mundo todo. Agora, com 27 anos, Lavingia já aceitou que nunca realizará esse sonho. E que tá tudo bem.
Mas, afinal, o que deu errado?
Primeiro, é importante destacar que a Gumroad continua na ativa e bem — quer dizer, isso depende do ponto de vista de cada um. Por um lado, a startup serve de exemplo para mostrar que, mesmo com a ambição de receber um investimento massivo, não tem bala de prata quando se fala de empreendedorismo. No entanto, é possível ter uma empresa bem-sucedida ainda que não atinja níveis estratosféricos de receita. A Gumroad nasceu de uma necessidade. Lavingia queria vender o design de um ícone de app que ele havia criado, mas não sabia em que lugar podia fazer isso. Como não encontrou uma solução para o problema, passou um fim de semana desenvolvendo uma primeira versão do serviço. A aposta foi, digamos, certeira: milhares de pessoas começaram a usar o serviço para vender jogos, fontes, podcasts, ebooks, artes e outros produtos digitais.
Montanha-russa startupeira
O fator pioneiro da empresa de Lavingia chamou atenção de investidores em uma época em que não existiam iniciativas como o Patreon, por exemplo. Um dos grandes interessados foi o fundador da startup Turntable, Seth Goldstein, que decidiu apostar na ideia com USD 1,1 milhão. Mais tarde, naquele mesmo ano, a Gumroad levantou mais USD 7 milhões. O serviço foi crescendo muito por conta da propaganda boca a boca e se tornou popular em alguns nichos. O problema é que, pelos idos de 2014, o crescimento contínuo sofreu uma forte desaceleração, o que fez investidores torcerem o nariz para os reports. Quando perceberam que a meta desejada de crescimento de 20% por mês não seria alcançada, o conselho que o CEO recebeu dos investidores foi simples: fechar a empresa. A solução sugerida por eles não era das piores também: dariam mais dinheiro para Lavingia começar um novo negócio, já que — na visão deles — não valia a pena manter a plataforma ativa.
I’m (not) OK
Com transações mensais de USD 2,5 milhões, o CEO achou que seria injusto acabar com o serviço e com o tempo foi ajustando suas ambições. O objetivo já não era mais ser um empreendimento bilionário e sim uma empresa sustentável, algo que não é visto com bons olhos pelas gigantes do Vale do Silício. Como Paul Graham, da incubadora de startups Y Combinator diz, a diferença entre uma startup e um pequeno negócio é que startups são feitas para se tornarem grandes empresas de maneira muito rápida. De qualquer forma, Lavingia diz que mede seu sucesso pelos milhões de dólares que foram pagos a vendedores por meio da plataforma ao invés de contar os lucros. Moral da história: é possível ser feliz dono e de um negócio modesto tanto quanto liderando grandes empreendimentos multimilionários — é tudo questão de perspectiva.
Fonte: The Brief