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Vale do Silício se ajusta à nova realidade, com evaporação de U$ 100 bilhões


Aproveitando este momento no qual dezembro está a um fim de semana de distância (e ainda não compramos a árvore de Natal), nossa redação parou para um curto momento de retrospectiva e chegou à conclusão de que: gente, que ano foi esse? Especialmente quando falamos no quesito IPO em tecnologia. Apesar de algumas bolas dentro (como Slack e Roku), o desempenho financeiro das marcas mais aguardadas, como Lyft, Uber e WeWork, acabou deixando a desejar. O tombo foi tão grande que, juntando as perdas geradas nos últimos meses, o valor somado (paywall) passa de USD 100 bilhões. Uhum, 100 milhões de milhões.
 

Miou o IPO

A percepção de muitos analistas é que o primeiro semestre deste 2019 foi marcado por uma expectativa que saiu aquém do esperado. Habemus exemplo: o IPO da Uber, cujos rumores diziam ser capaz de levantar USD 120 bilhões de valuation, acabou saindo por USD 82,4 bilhões durante sua estreia em maio. De lá pra cá, o preço das ações caiu cerca de 30%. A mesma bola tinha sido cantada em abril pela abertura da capital da Lyft (concorrente de Dara Khosrowshahi nos EUA), e a situação da WeWork, que está demitindo funcionários e se desfazendo de negócios para se mostrar sustentável, foi o empurrão final de que os investidores precisavam para a ficha monetária cair. E também o fato de que apenas 14% das empresas tech com capital aberto foram lucrativas neste ano.
 

Voltando ao senso

E com isso a gente não quer dizer que a prática de investimento foi total e completamente cancelada pela turma do dinheiro. Muito pelo contrário. Ainda há uma aposta grande de que soluções tecnológicas podem trazer um ótimo retorno financeiro. Mas quem está com a grana voltou a ter mais paciência e exigência do que no início do ano. Acordos com startups que antes seriam fechados em 2 semanas agora levam pouco mais de 1 mês para serem concluídos, segundo fontes que falaram com o WSJ. E a quantidade de aportes também diminuiu: se uma startup planejava levantar USD 80 milhões ou USD 100 milhões lá em janeiro, a quantia que poderia ser esperar agora não passaria de USD 30 milhões.
 

Conta gorda e malha fina

Outro movimento identificado nos últimos meses é o maior nível de monitoria por parte dos investidores em empresas que firmaram sua estratégia de crescimento dentro de um modelo “torro tudo agora, conquisto o mercado e lucro depois”. Quem sentiu na pele o resultado dos novos tempos foi a Fair, startup que compra carros e os licencia para motoristas de apps ou viagens curtas. Após perder USD 300 mil em um único trimestre por erros de administração (por exemplo, comprar por um valor alto e licenciar por duas jujubas de laranja), a auditoria do SoftBank (um dos principais investidores) se internou na operação para entender o que poderia ser mudado. Acabou que o próprio CEO foi saído nessa “organização”.
 

Vivendo e aprendendo?

Para quem acha que todo esse cenário seria um pano de fundo ideal para uma versão millennial da bolha.com, a tendência é que essa ideia se mantenha apenas na ficção. O mercado ainda gera bastante dinheiro e, apesar de este ser um ano que muita gente não vai querer relembrar, o movimento de agora está muito mais relacionado com o combo “ajuste de expectativas + melhor distribuição de dinheiros”. O que de certa forma é até bom, pois vai privilegiar exatamente os negócios que mais contam com potencial provado de crescimento, mesmo que os fundadores não sejam lá um poço de carisma. Estaria a entidade “ecossistema startupeiro” entrando na fase adulta? Fica aí a meta para 2020.

The Brief

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