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A WeWork oferece uma visão romântica em seu processo de IPO - juntamente com perdas impressionantes


A história prova que qualquer coisa bem embaladinha e com o storytelling correto vende. E se há um CEO que entende do assunto, é o Adam Neumann, da The We Company — dona da WeWork. A gente nem está falando dos escritórios descolados com placas de neon com a palavra “serendipidade” pregada na parede. A companhia de Nova York entregou os documentos necessários para sua oferta inicial de ações na Bolsa e, meus parças, tá saindo dinheiro pelo ladrão. Mais precisamente, USD 900 milhões foram gastos nos primeiros 6 meses de 2019. E a empresa espera que sua Mas, tudo bem. Afinal, a missão da marca é “elevar a consciência do mundo”. Sério, tem isso na papelada.

Not your cup of tea

Das rosadas páginas do Financial Times ao conteúdo meio lista do Business Insider, todo mundo reparou em duas coisas: como a companhia dos escritórios onde você tem vontade de morar gasta dinheiro e com os termos “românticos” que ela adotou ao apresentar seu IPO. A escolha de palavras não é nenhuma tentativa de vender uma TED Talk de Neumann ou algo do tipo. A verdade é que a startup conquistou um valuation de USD 47 bilhões com base em sua habilidade de se posicionar além de uma simples locatária de espaços de trabalho. A construção de branding rendeu alguns bilhões em investimento do Softbank e tornou a The We Company uma queridinha no mundo corporativo, justamente por se distanciar do jargão convencional.

Workin’ on a Prayer

Não dá para negar que o discurso funciona: a documentação financeira revela que a gigante imobiliária continua a dobrar sua base de clientes a cada ano — o que inclui algumas big companies, como Facebook, Amazon e Microsoft, que estão assinando contratos de longa duração. A dúvida é se essa expansão (paywall) é sustentável, já que a WeWork confia demais em mercados fora dos EUA para manter seus números subindo — e pode ser pega de surpresa por uma recessão ou outra. Quem nunca, não é mesmo? A visão de analistas é que, quando o cinto aperta, os membros em potencial (como a empresa define “clientes”) podem simplesmente escolher uma opção mais barata (e tradicional).

We Are the World

Outro ponto que ainda deixa dúvidas é a habilidade da WW de fazer dinheiro com qualquer coisa que não seja o aluguel de escritórios ou posições de trabalho. A receita vinda de seus novos serviços têm um crescimento tímido — de cerca de 6% ou USD 189 milhões — no primeiro semestre de 2019. Por falar nisso, o fluxo de dinheiro da empresa também é confuso: a companhia arrecadou USD 1,5 bilhão no mesmo período. No entanto, manter toda essa estrutura faz com que sobre muito pouco no caixa para contar a história.

WeLove, WeRule, WeGive...

Para terminar, temos que falar sobre a mente que dá as cartas nessa badalada abertura de capital. Adam e sua esposa, a atriz Rebekah Neumann, prometem doar USD 1 bilhão para a caridade na próxima década ou sofrer uma penalidade corporativa: a perda de metade de seus votos nas decisões da empresa. Por falar em controle, o executivo garantiu que cada uma de suas ações terá 20 votos — algo surpreendente até para os "padrões" Vale do Silício. Se tem algo que a gente pode dizer do casal é que eles seguem a regra WeWork, WeLiveTogether ao que parece, já que a atriz também lidera a unidade educacional da companhia, a WeGrow, apesar de nunca ter recebido um salário pela função. O próprio Neumann diz não ter tirado nenhum centavo da companhia como salário no último ano, apesar de ter feito alguns empréstimos da We Company. Tudo por conta de uma missão: “filosoficamente, levar conforto e felicidade para os locais de trabalho”. Bem, dá para sacar que o discurso já tá todo "trabalhado". A ver se o mercado dorme nesse barulho.

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