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Vida de (startup) inseto


Comida é um assunto sério na França. Tipo. Sério. Chefs vivem e morrem por estrelas ganhas ou perdidas no Guia Michelin — publicação de referência que existe por lá desde 1900. Ou seja, é um tanto quanto irônico que Paris seja a cidade da Ynsect, companhia que pretende colocar um inseto no seu prato. Com um sorriso no rosto. O garçom, claro. A startup está atraindo a atenção de investidores cultivando larvas de besouros com ajuda de IA para escalar sua produção. Com essa ideia, os franceses abocanharam USD 125 milhões em venture capital na última semana.

Um olho nos insetos, outro no unicórnio

De acordo com o CEO da Inseto, Antoine Hubert, os planos da empresa têm um objetivo nobre: produzir grandes quantidades de proteína (sim, as larvas) por preços competitivos e, assim, causar um impacto menor no meio ambiente. O argumento é simples: o sistema atual de agricultura produz dióxido de carbono e metano a dar com pau. Para otimizar a insect farm, a companhia copiou técnicas de automação e sensores da indústria automotiva e até as práticas de resfriamento de data centers. Sim, os bichinhos são bem cuidados, ao menos.

A larva que pousou na sua sopa

Para tirar números grandes de produtos tão pequenos, a startup conta com 25 patentes de tecnologias relacionadas aos cuidados das larvinhas e uma receita de USD 70 milhões anual. A “vida de inseto” da marca deve ganhar concorrência: outra empresa do setor, a Protix, recebeu USD 50 milhões em seu último round de investimento, em 2017. Até 2023, estima-se que esse mercado passe os USD 213 milhões, segundo a consultoria IndustriArc. Para esmagar as rivais como “formiguinhaz”, a Ynsect quer criar a maior bug farm do planeta em Amiens, região norte da França. Mas, os planos da marca para expansão vão além do país da guilhotina: oui, oui, mon ami… Estamos falando de L'Amérique.

Little bugs, Big money

Para quem já tá com calafrios e nojinho, a boa nova é que os produtos para consumidores finais ainda estão fora do radar dessas iniciativas. Not today, galera dos orgânicos. Atualmente, as maiores oportunidades estão nos setores de fertilizantes e ração para animais — especialmente como “proteína alternativa” para a criação de peixes e outros frutos do mar. Daí você tem que saber que esse setor produz 25% dos gases que causam o efeito estufa e que, combinado, movimenta USD 800 bilhões globalmente. Deu para escutar o “click” aí? “Estamos simplesmente devolvendo os insetos ao seu lugar natural na cadeia alimentar”, comenta Hubert. E é essa habilidade de se inserir na cadeia de produção de comida global que pode transformar a startup no prato principal dos investidores. E mais rápido do que fast-food.

Fonte: The Brief

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