Saudações povo brasileiro,
O artigo de hoje não é simples e contém relatos fortes e possíveis gatilhos. Caso você se sinta afetado com conteúdos que envolvem violência com crianças e adolescentes, não prossiga na leitura. Se mesmo assim persistir e um gatilho for acionado, deixamos nossos canais de comunicação abertos para que possamos conversar.
Se você tem mais de 25 anos provavelmente cresceu em um mundo sem internet, assim como muitos de nós, e socializou em parques, praças e nos famosos playgrounds. Para você que não sabe do que se trata o playground, ele é um espaço onde crianças são levadas pelos pais e responsáveis para que conheçam outras crianças e desenvolvam o processo de socialização. Nós que crescemos bricando em áreas de lazer para crianças, sempre escutávamos de nossos responsáveis sobre os riscos que corríamos, como não conversar com adultos desconhecidos ou aceitar balas de estranhos. Hoje em dia, com o avanço tecnológico, os playgrounds foram deixados de lado, as crianças crescem em seus quartos, excluídas do mundo, com acesso livre à internet. Esse acesso livre é como você deixar uma criança sozinha em um playground, nós não sabemos quem ela vai encontrar lá. Ela pode cair em caminhos perigosos e é isso que vamos mostrar hoje. Os playground digitais existem e se você, que é responsável por uma criança, não ficar de olho, ela pode vir a ser uma das vitimas abaixo.
Violência, estupro, assassinato, zoofilia, automutilação, espancamento, humilhação, tortura, abuso e pornografia são só alguns dos absurdos que circulam em grupos do Discord e no Twitter. Não é de hoje que estamos monitorando os jovens que embarcam nessa onda de propagação de ódio e violência extrema em redes sociais. Foi preciso que diversos atentados em escolas acontecessem para que, finalmente, mais pessoas dessem atenção para o que alguns já estavam denunciando faz tempo. Nós não estamos aqui de brincadeira, mas para fazer o que vocês, pais e instituições, não tem feito por não saberem o que acontece e, muito menos, o que pode ser feito. Essa é uma exposição da realidade brutal que nossas crianças e adolescentes estão vivendo e uma proposta para que ações mais eficazes sejam tomadas.
Um esclarecimento importante a ser feito é sobre o uso do termo "rede social". Twitter, Discord, Facebook e qualquer outro sistema são apenas ferramentas tecnológicas que permitem a conexão e interação humana. Essa conexão ou relação é o que chamamos de redes sociais. Essas redes são formadas pelas interações que estabelecemos uns com os outros, muitas vezes gerada por uma proximidade ideológica ou de interesses diversos. O que os sites fazem é permitir que nos conectemos, ou seja, as interações sociais que formamos no mundo real, como na escola, passam a ser formadas em um ambiente virtual. Se na escola fazemos parte da nossa turma, da nossa série, no Twitter passamos a fazer parte dos grupos que falam dos assuntos que gostamos como, por exemplo, uma determinada cantora pop. Mas por que isso importa aqui? Por duas razões: a primeira, estamos falando de grupos que se formam com base em discursos de ódio; a segunda, estamos falando de um ambiente digital que não possui regulamentação que fiscalizem a formação desses grupos n redes.
O primeiro ponto é onde talvez tudo comece: a frustração ou insatisfação com a vida leva o jovem a procurar um site de rede social que permita uma interação prazerosa. É uma busca por uma rede que faça com que ele se sinta pertencente, que faça sentido, que ele se sinta abraçado e valorizado, já que, em muitas casos, são negligenciados ou ignorados na escola ou em casa. Cheios de tristeza ou raiva eles passam a navegar na internet atrás de algo que eles não sabem muito bem o que é, porque ainda desconhecem as condições humanas e não sabem muito bem diferenciar o que é certo ou errado. Com o compartilhamento das coisas que lhes causam raiva e tristeza o primeiro alívio aparece: finalmente posso dizer o que sinto e penso sem ser reprimido ou julgado. O alívio aumenta quando um outro ser humano aparece e diz “eu te entendo, também vivo isso”, o frustrado sorri pensando “eu não estou sozinho, não sou o único” e assim eles formam uma rede social. Imaginem um espaço ou ambiente online que permite a conexão de centenas ou milhares de crianças e adolescentes. A busca é pela sensação de pertencimento e independe de a "cola" que une as pessoas ser boa ou má para funcionar.
Usemos então dois exemplos de sites de rede social que, apesar de não serem exclusivos, são os que de forma mais escancarada permitem a formação de redes sociais baseadas em discurso de ódio e incentivo à violência extrema. No Twitter, a situação é mais descentralizada, ou seja, você não precisa fazer parte da comunidade para ter acesso a um vídeo de automutilação ou a um tuíte que fale sobre como o suicídio é a única saída para os problemas. Já no Discord, os laços são mais profundos, a própria estrutura da plataforma, com chats de conversa, permite que a formação da rede se dê de maneira mais íntima. Outra característica do Discord que aprofunda os laços entre as crianças é o fato de nem todos terem acesso, seja o convite para o servidor ou o acesso de todas as salas. Nem todo mundo vai poder ver tudo, aqueles que recebem o acesso já criaram um vínculo maior com os demais indivíduos da comunidade. E assim temos mais dois problemas: se no Twitter qualquer um pode ter acesso a tudo e assim ser mais fácil de chegar em conteúdos violentos, no Discord você passa a estar disposto a fazer qualquer coisa para ter acesso ao que você não tem. Esse último faz surgir o terceiro problema: os que estão ali a mais tempo, com más intenções bem definidas, vão se aproveitar da vulnerabilidade dos demais para satisfazer seus prazeres através da tortura.
Discord
No Discord, diferente do Twitter que explicaremos mais profundamente no próximo tópico, pelo fato dos servidores, ou grupos, serem privados já é de certa forma predefinido que tipo de conteúdo você encontrará ali dentro. Não importa se a conversa é sobre o último episódio de uma série ou o personagem preferido do anime, a qualquer momento você pode ser bombardeado por um conteúdo de extrema violência. É impreciso dizer como essas crianças chegam nesses servidores, pode ser por jogos, pode ser pelo Twitter, pode ser por outros servidores do próprio Discord… a verdade é que elas estão lá e convivem diariamente com cenas fortes e estão sujeitas as mais diversas torturas psicológicas e físicas. Torturas essas que nem o torturado e nem a vítima conseguem se dar conta do que está sendo feito, afinal são crianças que sem preparo algum caíram no poço sem fundo da maldade humana.
São vários os modelos e estruturas de redes sociais que se formam em cada um dos servidores que monitoramos, mas a relação de dominador e submissa é algo frequente para muitos deles. Geralmente, meninas passam a ser “escravas” ou “putas” de algum membro do grupo e por isso são obrigadas a fazer as mais diversas atrocidades para que esse vinculo se mantenha. Por mais absurdo e difícil que possa ser, é impossível julgar os dominadores que citaremos a seguir simplesmente porque eles são crianças que, assim como as meninas, tiveram acesso e foram impactados pelo que não deveria. Apesar de serem jovens, eles possuem um status de autoridade por serem membros antigos ou donos dos servidores e por isso conseguem controlar meninas que estão dispostas a qualquer coisa para serem vistas e consideradas relevantes e interessante. “Alguém me quer, não importa para que”. Em um dos vídeos que temos acesso é possível ver uma menina dizer ser submissa à um dos membros e que se rende a ele, o que vem em seguida são diversas cenas de automutilação. E fica ainda pior quando lembramos que esse edit é usado para promover o grupo em outros espaços. Em outro caso, usado para a mesma finalidade, vemos uma menina se enforcar, se espancar e se mutilar para mostrar o seu papel e no final ela diz “tudo por você”.
Outro caso que presenciamos aconteceu quando, no meio de uma conversa aleatória, um perfil compartilhou o vídeo brutal de um estupro. A cena consiste em um homem de idade avançada, provavelmente com mais de 50 anos, abusando de uma menina que chorava e tentava se soltar. No vídeo é possível ver a consciência do crime que o homem está cometendo, já que ele tem os olhos atentos ao redor com claro medo de que alguém apareça. Isso por si só já é absurdo demais, mas sempre pode piorar. Em outro momento, um dos donos do servidor compartilhou um vídeo esquartejando um gato e ao lado é possível ver a placa com o nome do servidor. São imagens e imagens de violência extrema geradas e compartilhadas com o objetivo de fazer propaganda do grupo, além de proporcionar prazer aos “sádicos” online.
É comum para essa rede que essas situações de extrema violência aconteçam durante chamadas de áudio e vídeo, outro recurso proporcionado pela plataforma. Em um dos casos que acompanhamos foi quando membros do servidor levaram uma menina a cortar o próprio braço enquanto escrevia o próprio nome e o nome do servidor. Depois de insultá-la, os meninos obrigaram ela a se masturbar e a colocar um cachorro para lamber sua genitália. Esse tipo de atitude se tornou tão comum para eles que é perfeitamente normal estar no chat e, mais uma vez, aleatoriamente receber o vídeo gerado em outra chamada de vídeo em que uma menina é obrigada a enfiar uma faca na genitália. Poderiamos passar horas e horas relatando atrocidades que estão bem na nossa frente, mas já está bem claro que o que acontece no Discord está longe de ser algo normal ou aceitável. Também está longe de ser suficiente medidas pontuais de banimento de contas e perfis mediante a decisões judiciais. Está longe de ser eficiente o trabalho da polícia federal que nem ao menos sabe o que é um incel. Está longe de ser eficaz ter um política de termos de uso se ela não aplicada e muito menos considerada. E, infelizmente, esse não é um problema restrito ao Discord como apresentaremos a seguir.
A facilidade de encontrar conteúdos de extrema violência no Twitter pode ser explicada por duas razões: o algoritmo de recomendação funciona muito bem; a política dos termos de uso não funciona como deveria e não serve aos interesses sociais. A navegação no Twitter é bem simples e na medida em que você vai expondo seus modos e interesses, através dos tuítes que faz, contas que segue e pesquisas que realiza, o algorítimo passa a te recomendar conteúdos. A própria plataforma encaminha o usuário até o conteúdo que, com base em dados expostos, lhe interessa. Aos poucos, a criança que compartilha suas raivas, tristezas e medos chega no que chamam de “Sub Twitter”. As subs são redes sociais que se formam por compartilharem de problemas como bulimia, anorexia e automutilação, ou por terem interesses em violência e assassinato, como é o caso das redes de gore e TCC (True Crime Community). De um jeito ou de outro, tudo isso acaba se misturando, afinal é tudo "sub", mas o que importa para o tema aqui proposto é o fato desses conteúdos serem postados e compartilhados sem qualquer limitação.
No caso da rede social que se forma entorno da automutilação, além do compartilhamento de fotos e vídeos explícitos dos cortes, as crianças aconselham umas as outras a como se cortar sem infeccionar, qual o melhor gilete ou lâmina para serem usadas, além de justificarem uns aos outros o porquê de fazerem o que fazem. Em alguns casos é possível observar que eles expõe alguns conflitos que estão passando na vida como, por exemplo, um romance que não deu certo e em seguida reafirmam que a única saída para lidar com aquele sofrimento é a automutilação. O caso dos bulímicos e anoréxicos segue o mesmo padrão, compartilham imagens que romantizam a extrema magreza, ao mesmo tempo em que se aconselham das dietas a serem feitas, ou se autodepreciam pelo o que comeram, comemoram quando perdem um quilo ou outro e são extremamentos violentos ao comentar o corpo daquelas “gordas nojentas” que “prefiro ver morta”. Outra prática comum entre esses é colocar na biografia do perfil o peso ou IMC que estão, como se aqueles números representassem algum valor social e/ou estético positivo.
Já a rede social do gore e do TCC é bem misturada, ambas assistem e compartilham vídeos de mortes reais, o que podemos usar para a diferenciação desses é o fato de que os jovens da True Crime Community são fãs de jovens assassinos. Se a rede do gore compartilha vídeos de pessoas morrendo em acidentes trágicos e/ou inesperados, vídeos de pessoas se suicidando e vídeos de pessoas matando outras; a rede TCC foca nos casos se assassinos que realizaram massacres, principalmente, em escolas e não focam apenas nos vídeos do momento da morte, mas também os vídeos anteriores dos assassinos. Uma prática comum do TCC são os edits, vídeos “modelo tiktok”, que com cenas rápidas e música dramática romantizam e idealizam um jovem que tenha cometido assassinato. Em todos os casos citados até aqui é interessante que se observe a importância do uso da imagem para a formação desse ideal de que a violência desmedida é algo bom, é a saída para o sofrimento, é catártico.
Em todos os casos fica muito claro que, para além da negligência vivida por esses jovens, a estrutura do site e a maneira como ele monitora o conteúdo compartilhado está longe de ser eficaz para resolver o problema. É insuficiente que precisemos realizar denúncia por denúncia ao Twitter para que um perfil caia ou um conteúdo seja banido. Fica ainda mais difícil quando todo o sistema de realizar denúncias à plataforma dificultam a denúncia e demoram muito tempo para vir tomar uma atitude. É ainda mais insuficiente que tenhamos que avisar ao Estado o que está acontecendo para que a justiça venha a tomar alguma atitude mais incisiva. Estamos fazendo o trabalho de instituições que possuem por obrigação a responsabilidade de cuidar do seu povo e, principalmente, das suas crianças. É óbvio que não existe qualquer interesse da plataforma em restringir esse tipo de conteúdo, uma vez que ele auxilia no aumento da receita já que garante a presença dos usuários no site. São conflitos intermináveis que, além de necessitarem de ação imediata, precisam de estudos profundos para saber como lidar com tal crise social. Fazer as pressas e tombar perfil em site não resolve o problema que está enraizado na mente das nossas crianças.
A QUESTÃO PSICOLÓGICA
Precisamos ter em mente que a infância e a adolescência são fases do desenvolvimento cognitivo e emocional nas quais ainda não possuímos maturidade e conhecimento, dentre outras ferramentas de sociabilidade, que nos permitam discernimento e defesa contra ideias e influências destrutivas de nossa integridade enquanto indivíduos. Especialmente no período da adolescência, diversas mudanças externas e internas fazem com que o jovem se sinta fragilizado e ansiando por amparo, atenção, segurança e afirmação, além de pessoas com quem possa conversar, compartilhar experiências e obter orientações. Se os grupos de ódio forem os únicos locais onde conseguem obter tudo isso, é para lá que eles irão.
O Grupo Temático de Educação, formado para atuar na
transição de governo, em seu relatório de novembro de 2022, cita
pesquisa que aponta que alguns adolescentes apresentam fatores
psicológicos que os tornam mais vulneráveis à exposição de grupos de
extrema-direita e seus métodos de cooptação, tais como:
“problemas
com autoestima, ideias persecutórias ou paranóides, traços
antissociais, obsessão e traços rígidos, narcisismo e traços de
grandiosidade, senso de direito (justiça), incapacidade de assumir as
responsabilidades externas, sentimento de rejeição ao mundo, ruminação
de humilhações passadas e fantasias sobre vinganças violentas.” (WELTER
et al, p.7, 2022)
Quando se juntam pessoas com esses sentimentos, muitos buscam inspirações de pessoas ou momentos na história da humanidade que se assemelhem ao resultado que eles aprendem a buscar com a convivência nesses círculos sociais. Os ataques a um certo grupo de pessoas, classe social, gêneros ou sexualidade, etnia, entre outros, servem como a consolidação dos seus sentimentos e da sua verdade. Muitos acreditam que estão fazendo um favor social em limpar o mundo de situações ou pessoas que para eles é um atraso para a humanidade, como homossexuais e mulheres. Ter sofrido bullying e exposição a situações violentas de forma constante, incluindo negligência familiar e autoritarismo por parte dos pais, também são fatores associados aos casos de adolescentes que praticaram atos violentos.
É nessa fase em que a pessoa começa perceber o mundo social, e que ele é composto por gente de diversos gostos, tradições, rotinas, vestimentas, músicas e outras dezenas de características. Para alguns, pertencer a um grupo pode ser uma grande preocupação quando esta pessoa ainda não tem um; não tem uma identidade para chamar de sua, e ser aceito ou notado se torna uma necessidade. Tendo tudo isso em mente, fica possível compreender que o modo mais eficaz de lidar com essa situação não é com mais repressão e violência. Importante ressaltar que muitos adolescentes tem problemas psicossociais que necessitam tratamento profissional, além do acompanhamento por parte dos pais ou responsáveis.
É fundamental que os pais busquem conhecimento acerca de ideais e símbolos da extrema direita para que possam reconhece-los caso seus filhos estejam se associando a eles, além de ficarem atentos aos comportamentos listados abaixo:
● Interesse incomum por assuntos violentos (tais como obsessão por armas de fogo ou massacres),
● Atitudes violentas (verbais ou físicas),
● Recusa de falar com professoras e gestoras mulheres, ou mesmo falas contra mulheres em geral
●
Agressividade e uso de expressões pejorativas ao falar com mulheres e
meninas, capacitismo (preconceito com pessoas com deficiência), racismo,
LGBTQIA+fobia, e
● Exaltação a ataques em ambientes educacionais ou religiosos.
Procure se aproximar de seu filho, observe, chame pra conversar, faça perguntas. Não tenha receio de abordar temas difíceis como o da violência nas escolas, aproveite para falar como você se sente e ouvir o que seu filho tiver a dizer.
É importante também que você saiba como funciona a rede de cooptação de membros para começar a ter ideia da profundidade do buraco que está à frente. Existe um método, e explicaremos esse método para vocês:
Meios e métodos de cooptação de membros
● Uso de humor - memes nazistas/fascistas/discurso de ódio “irônicos” - com o intuito de relativizar e normalizar as violências
●
Uso de estética e linguagem violentas como a linguagem da machosfera - é
composto por termos misóginos e racistas e que representam as “regras
universais” do grupo
● Uso de jogos online como Roblox, Fortnite,
Minecraft - a escolha desse tipo de ambiente para interagir com
adolescentes se dá porque os jogos são um dos recursos mais acessados
para a diversão, vazão de sentimentos de raiva e frustração e construção
de vínculos sociais. Além disso, também costumam ser espaços onde não
há registros permanentes dos diálogos estabelecidos, tornando difícil a
identificação da pessoa com quem esses adolescentes se conectam.
●
Uso de imagens de ataques e compartilhamento de manifestos de atiradores
como método de propaganda, de forma a inspirar outros adolescentes a
cometer ataques. Imagens de ataques difundidas pela mídia ou pelos
perpetradores em suas redes sociais viram peças de propaganda. É comum a
circulação desses vídeos e fotos pelo ecossistema de extrema-direita na
internet, incluindo fotos de vítimas. Junto a isso, ocorre o processo
de “santificação” dos perpetradores no ecossistema virtual de
extrema-direita, para que eles sirvam de inspiração a outros jovens.
Cada ataque em qualquer lugar do mundo é comentado entre os
frequentadores e serve como inspiração para novos massacres. Os
atiradores tornam-se ícones entre os jovens desses fóruns.
● Muitos
deles têm tendências suicidas e, quando anunciam que desejam se matar,
ouvem dos outros frequentadores o mantra “Leve a escória junto”, ou
seja, antes de se matar ou ser morto pela polícia (há um termo em inglês
para isso, suicide-by-cop), eles são encorajados a ir a alguma marcha
ou palestra feminista, a algum protesto de Vidas Negras Importam, a uma
Parada do Orgulho Gay, e matar o máximo de pessoas possíveis.
● O
recrutamento para novos atiradores raramente é feito diretamente para
cometer massacres em escolas. Antes disso, os jovens que querem ser
aceitos pelo grupo de ódio podem ter que cumprir algumas ordens, como,
por exemplo, gravar vídeos caluniando ativistas feministas (dizendo que
uma delas abusou sexualmente dele, ou que ofereceu trocar notas por
sexo, ou que é sua mãe), ou criar páginas e comunidades anônimas para
espalhar ódio e fake news. Muitas dessas mentiras são reproduzidas e
divulgadas por grupos políticos de extrema-direita. A misoginia quase
sempre é a porta de entrada para o recrutamento de jovens.
A situação atual de violência extrema e propagação de ódio em sites de rede social é um problema sério que precisa ser abordado com urgência em diversos níveis. As ferramentas tecnológicas como Twitter e Discord são apenas a faceta externa do problema. O cerne da questão é a formação de redes sociais baseadas na violência e no extremismo, que acabam por influenciar indivíduos vulneráveis e levá-los a cometer atos abomináveis e reprováveis. É crucial entender que a formação dessas redes tem causas profundas e raízes que precisam ser tratadas e estudadas. É importante que os pais e instituições assumam suas responsabilidades nesse cenário. Os pais precisam monitorar e conversar com seus filhos para ajudá-los a se manter longe desses caminhos obscuros, e as instituições precisam assumir um papel mais ativo na prevenção e intervenção nessas situações. É fundamental que a sociedade se revolte e exija medidas mais eficazes contra a impunidade dos criminosos que promovem a violência e o ódio nessas redes sociais. Precisamos trabalhar juntos para criar um ambiente virtual mais seguro para nossas crianças e jovens.
Nós fazemos o pão que você come.
Nós arquivamos os seus documentos.
Nós entregamos as suas encomendas.
Nós estamos em todo lugar.
Nós não esquecemos.
Nós não perdoamos.
Nós somos Anonymous
Nós somos EterSec!