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Tratamento diferenciado aos Terceirizados da Google


Por muito tempo, descolar um emprego no Google era algo comparável a ganhar na loteria. E, bem, ainda é para quem é efetivamente um Googler. Acontece que os funcionários terceirizados têm se tornado uma parte cada vez maior da gigante de Mountain View. Ao ponto de, em uma declaração enviada à imprensa, cerca de 90 trabalhadores de uma empresa terceirizada que presta serviço para a Big-G estão em processo de sindicalização em parceria com a United Steelworks, organização que aproximadamente 850 mil trabalhadores afiliados. Segundo a nota, 66% dos funcionários da contratada já assinaram cartões a favor da sindicalização, uma adesão de dois terços da força de trabalho. O passo mais recente foi o envio de uma petição para formalizar o processo para o National Labor Relations Board. Sundar Pichai que se cuide (ou não?).

Power to the (worker) people

A empresa em questão é a HCL America, responsável por analisar dados e realizar outras ações técnicas no escritório da Big G em Pittsburgh, nos EUA. Ela é apenas uma das várias companhias que dão uma mãozinha para fazer a Google funcionar. Essas terceirizadas são caracterizadas como "força de trabalho das sombras" — ou "shadow work force" em inglês, que fica mais bonito —, ou seja, milhares de trabalhadores que, embora sejam vitais para o bom funcionamento da Gugou e somem mais da metade dos funcionários da Google, não têm vínculos empregatícios diretos com a todo-poderosa da internet. E, acertou quem deduziu, também não têm uma série de benefícios exclusivos dos funcionários da companhia do Vale do Silício.

Balanceando o jogo

A decisão de sindicalizar-se é para que os terceirizados tentem ganhar um pouco de poder de barganha nas decisões que hoje são feitas unilateralmente pela Google, e não é de hoje que a empresa liderada por Sundai Pichai enfrenta queixas de colaboradores. Além dos casos de desigualdade salarial e assédio sexual, brigas a fim de obter melhores condições têm sido frequentes nos últimos anos: em 2015, por exemplo, cerca de 150 trabalhadores de delivery e dos armazéns tentaram se sindicalizar por melhores condições de trabalho. Para combater o "problema", a Google foi curta e grossa: desfez a unidade e demitiu as pessoas. Vale a ressalva: todas as tech companies (e marcas de outras áreas também) compartilham da prática de contratação externa para otimização de custos. Na Califórnia, a Uber, a Lyft e a empresa de delivery de comida DoorDash entraram com uma ação contra o Estado no valor de USD 90 milhões para impedir uma lei que estenderia benefícios de funcionários para motoristas. Hoje, essas companhias só conseguem se manter minimamente viáveis, note que nem falamos de lucro, por não terem que arcar com custos de gasolina, seguro veicular e outras vantagens para funcionários.

Sente aqui, vamos conversar

Em abril, a Google anunciou que irá requisitar que suas empresas terceirizadas ofereçam benefícios como licença-maternidade e licença remunerada, além de melhores planos de saúde e pagamento mínimo de USD 15/hora, sob pena de finalização de contrato caso a firma contratada seja incapaz de seguir esses requisitos. Ainda assim, segundo informações internas da empresa-filha da Alphabet, os funcionários terceirizados recebem 42% a menos do que os contratados diretos. Isso significa que, por ano, os ganhos giram em torno de USD 38 mil a menos. Agora, com o processo de sindicalização, é esperado que a situação gere movimentos parecidos por parte de terceirizadas ante outras empresas de tecnologia. Até mesmo senadores americanos recentemente já reclamaram em público sobre a maneira como a Google trata os contratados externos; então, as chances de que novos pedidos de sindicalização sejam tratados com mais carinho (e menos chances de retaliação) são maiores daqui para a frente. Será que os humilhados finalmente serão exaltados?
Fonte: The Brief

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