Lançada em novembro de 2018, a funcionalidade "Melhores Amigos" permite ao dono de um perfil no Instagram enviar stories selecionados para uma lista que, como o próprio nome já indica, teria apenas pessoas mais próximas. O objetivo seria dar ao usuário uma alternativa para compartilhar conteúdos que fossem mais sensíveis, seja um textão emocional, aquela foto meio vergonhosa, porém engraçada ou DR sobre temas complexos, como política, religião ou a melhor banda de K-pop e por que é o BTS. Certamente, a rede social imaginou que o recurso causaria certo impacto entre os usuários. O que nem deve ter passado pela cabeça do Insta é que a ferramenta seria usada como fonte de renda.
Brodagem premium
O The Atlantic fez uma matéria explicando como influencers utilizam o mecanismo para faturar. Basicamente, as celebridades do mundo social usam plataformas de crowdfunding como Patreon (que realiza cobranças mensais) para colocar seguidores dentro do círculo esverdeado por alguns trumps mensais, que podem ser de USD 1, no caso dessa ilustradora Gabrielle Wai, ou USD 100 em um plano vitalício, como o criado pela ex-venture capitalist (e dona de um feed muito visual) Jenny Gyllander. Entre todos, a proposta é a mesma: oferecer aos usuários um conteúdo mais íntimo e diferenciado do que o publicado “para o povão”.
Parças pagantes
E daí você pergunta: “Mas o que de tão diferente tem nesse BFF faturado?”. Alguns influenciadores costumam compartilhar vídeos ou usar a opções de responder perguntas apenas para os friends pagantes. Já outras pessoas realmente dividem momentos mais pessoais, como fazer uma live durante o café da manhã, ao escolher uma roupa para sair ou realmente fazer do IG um diário pessoal no qual se conta a rotina do dia. Fica mais fácil para a turma que nasceu com carisma. Quem se segura só com as fotões precisa rebolar para manter o dinheiro (e o interesse) dos usuários.
Mais que amigos
E não existe mercado que não dê para ser nichado: já há uma galera vendendo pacotes ainda mais personalizados de interação. Por USD 50 ao mês, o streamer Jovan Hill oferece um plano no Patreon no qual seguidores podem enviar mensagens de texto diretamente pelo iMessage, têm contato com ele via FaceTime e podem até marcar almoços, caso o jovem esteja dando um rolê pela cidade. A escritora Caroline Calloway, conhecida na rede das imagens por postar legendas bem longas (além de umas polêmicas financeiras), criou uma seção chamada “Closest Friends”, na qual oferece 1 hora ao telefone com um dos 20 sortudos que assinarem o pacote — pela módica soma de USD 100.
Amigos amigos, negócios inclusos
Nesses tempos em que, como diz o baluarte dos chavões Fausto Silva, tem gente vendendo o almoço para comprar a janta, quem somos nós para criticar quem está faturando uma grana sem prejudicar ninguém. Mas vale analisar a tendência (que já tem alguns adeptos no BR) um pouco mais de perto, até para entender como ficam questões como exposição ou uma confusão dos usuários para discernir que a pessoa está trabalhando (mesmo que te enviando memes engraçados) e que essa relação acaba caso seu pagamento não caia na conta. Dilemas da modernidade que jamais imaginamos encontrar na vida: a gente vê por aqui.
Fonte: The Brief
