Se parece carne, cheira como carne e tem gosto de carne, deve ser carne, não? Nem sempre. Já faz algum tempo que a chapa anda esquentando na corrida pela dianteira no mercado de fake meat, e um novo competidor está querendo a pole position: o piloto e vegano Lewis Hamilton. O campeão de Fórmula 1 anunciou um investimento no Neat Burguer, restaurante de fast-food que terá em seu cardápio os famosos hambúrgueres de mentirinha da Beyond Meat, além de cachorros-quentes sem carne e milk-shakes sem laticínios. O novo investimento de Hamilton acontece em um momento muito oportuno, afinal, em um ano com estreias de Uber, Lyft, Slack e Pinterest na bolsa de valores, é muito significativo que, na verdade, a grande estrela das debutantes no IPO tenha sido uma empresa de food tech.
Quem vê carne, não vê coração
Com uma mudança crescente do foco do público de "conveniência" para "saudabilidade", passando por preocupação com o meio ambiente, grandes marcas estão se mexendo para atender às novas preferências dos consumidores, isto é, comidas mais sustentáveis e tão gostosas quanto as opções já disponíveis no mercado. Refeições baseadas em plantas não são exatamente uma novidade, mas andam ganhando bastante força nos últimos tempos. Em 2017, o serviço de delivery gringo Just Eat reportou um crescimento de 987% nos pedidos de comida vegana, e só na Grã-Bretanha, entre 2014 e 2018, o número de veganos quadruplicou. Além disso, é estimado que o mercado de "carne de mentira" pode crescer em até USD 140 bilhões na próxima década. Haja óleo de girassol para fritar tanto hambúrguer.
Frango (vegetal) com batata doce
Nesta semana, uma loja da KFC em Atlanta resolveu fazer um teste e colocou à venda nuggets e asas de frango feitos totalmente de plantas (tendo a Beyond Meat por trás da empreitada). Se deu certo? O estoque esgotou em apenas 5 horas. Grandes cadeias de fast-food também não querem ficar para trás, e outras redes que estão abraçando os hambúrgueres de plantinhas incluem Burger King, Subway, TGI Fridays, The Cheesecake Factory e Dunkin' (dos Donuts), isso só para citar algumas. Desde sua estreia na bolsa, o valor de mercado da Beyond Meat já aumentou, e muito, registrando um valor 730% acima do inicial. Analistas estimam que o número pode subir mais 30% no caso de uma parceria com o McDonald's, o que ainda não aconteceu. Frisamos o ainda.
Fogo de chão - Vegan edition
Aqui na terra do samba, esse mercado ainda não está no ponto. Mas já dá mostras que, bem douradinho e empacotado com os ingredientes certos, as empreitadas podem "dar boa". Os números colaboram: ainda que apenas 2% da população se considere vegana/vegetariana, somam 35% aqueles que querem reduzir o consumo de carne e 20% os que se consideram "eco-friendly", adquirindo produtos que defendem cadeias de produção sustentáveis e pró-meio ambiente. Também fazendo um barulho considerável está a Fazenda Futuro, a Beyond Meat tupiniquim. Com a grana da rodada de investimento de USD 8 milhões liderada pela Monashees, em julho, a startup já deu alguns pulos e deve comercializar seus produtos para outros países na América Latina sob o nome "Hacienda Futuro". Muy bueno, no, Pepe? Por aqui, continuaremos de olho no mercado e torcendo para que os preços dos hambúrgueres baixem um pouco para participarmos mais desse crescente movimento de consumo que atualizou as definições de "X-Salada".
Fonte: The Brief