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Curta mesmo se não gostar


Uma empresa que não incentiva feedbacks honestos, preza por funcionários que não questionem as decisões da liderança e insiste para que todo mundo aja como se tudo estivesse bem, mesmo quando não está. Esse foi o cenário pintado pelos ex- funcionários do Facebook que conversaram com a CNBC a respeito do clima organizacional da gigante de Palo Alto entre 2016 e final de 2018, período em que todos os entrevistados trabalharam por lá.

Desfazer amizade? Imagina

Segundo os relatos, um dos grandes problemas enfrentados por quem bate cartão no HQ da companhia é a necessidade de concordar com todas as decisões levantadas pela chefia. Argumentos contra, de acordo com eles, em geral recebiam respostas ou ligações atravessadas das partes envolvidas. Criticar de forma mais aberta alguma política da empresa, além de malvisto, poderia gerar um “convite para se retirar”. Um caso citado foi o da demissão de todo o time editorial que trabalhava na atualização das notícias publicadas na área de “Trending Topics” do Facebook após notícias de que a equipe teria sido orientada a escolher ou rejeitar certos conteúdos.

Cinco estrelas para geral

Outro B.O. enfrentado pelos colaboradores da rede social estaria no formato de avaliação da companhia, chamado “stack ranking”, que seria realizado duas vezes ao ano. Cada funcionário receberia cerca de cinco reviews, vindos de seus pares. Os colaboradores podem apresentar o feedback sobre o colega diretamente a ele ou de forma anônima — nesse caso, mesmo que a análise seja negativa, não é possível contestar o que está no papel. Como uma avaliação negativa impacta diretamente aspectos como promoção e aumento de salário, muitos preferem “estar de bem” com todos ao redor a comprar uma briga que possa gerar ressentimentos.

Tudo por um like

Esse sistema de avaliação também incentivaria o lançamento de produtos e funcionalidades sem considerar aspectos como experiência do usuário ou impacto negativos em longo prazo. Isso porque, para áreas como produto e desenvolvimento, as promoções estariam ligadas ao alcance de uma determinada métrica. E, para atingir a meta, muitos programadores preferem lançar o produto dentro do prazo da próxima avaliação, mesmo que ele ainda não esteja 100%, do que esperar mais 1 ano para se tornar elegível a um aumento de cargo ou salário — tempo que poderia ser usado para fazer ajustes e evitar possíveis fails.

Recuperar rascunho

Na percepção dessa galera, o modus-operandi à la This is Fine, teria contribuído  para as crises que o FB vem enfrentando nos últimos anos, já que não haveria espaço para feedbacks mais sinceros dentro dos seus escritórios — fazendo com que as broncas só fossem discutidas de verdade quando já tivessem impactado os usuários.  Um ponto curioso é, em outras ocasiões, a COO do Facebook, Sheryl Sandberg, mencionou a autenticidade como um aspecto importante tanto para o crescimento de carreira como para os relacionamentos dentro do escritório. Quem somos nós para dizer, mas talvez valha a pena repassar a lição internamente.


Fonte: The Brief

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