O relógio inteligente Watch é um sucesso agridoce para a Apple. Isso porque a companhia se tornou líder no mercado de relógios inteligentes depois do lançamento e mantém um nível de satisfação impressionante entre os donos do acessório. Nenhuma outra marca de tecnologia conseguiu reproduzir o mesmo sucesso e olha que várias tentaram, como Samsung, Sony, Motorola, Asus e várias outras. A grande Maçã é a única que bate de frente com o mercado de luxo e pode dizer que o seu produto traz mais features. E, com isso, fazer uma Hermès da vida desenhar pulseiras para sua caixinha de horas. No entanto, como negócio, o Watch ainda precisa acertar os ponteiros.
Time to grow
Acontece que o cenário para os smartwatches de todo tipo ainda é incerto. Vai demorar um tempo para os relógios inteligentes serem tão relevantes quanto os smartphones. Se é que um dia alcançarão tanta expressividade. Em 2017, o mercado global era de 10 bilhões. As estimativas dão conta de que, lá para 2023, os relógios inteligentes alcancem USD 43,8 bilhões em valor de mercado. No entanto, a empresa líder no segmento ainda não parece ter um plano claro de ações para o Watch. Afinal de contas, até onde se sabe, ninguém pediu por ele. Não é um produto descoberto em pesquisas de mercado ou que tenha passado por grandes evoluções por conta de sua popularidade. A gente quer dizer (com o perdão dos fãs), er... é um relógio no fim das contas, né?
Data overload
Um dos diferenciais do Watch é a quantidade de dados que consegue coletar e apresentar aos seus usuários. Como, por exemplo, quantos quilômetros você correu na última semana ou a frequência da sua batida do coração. No entanto, a marca californiana ainda não conseguiu encontrar modelos econômicos para lucrar com informações tão valiosas. Do jeito que estão, os dados reunidos por sensores só ficam ali, na tela do reloginho. Para começo de conversa, grande parte das infos são pessoais e sensíveis. Até onde sabemos, a gigante de Cupertino tem regras bem rígidas em relação ao uso dos dados de usuários - quem lembra desta fala aqui do Steve Jobs sobre o assunto? Assim, o caminho “empacotar e vender meus usuários para anunciantes”, como fazem Facebook e Google, está fechado. E isso não significa que a Maçã não tenha gente interessada neles. Recentemente, a companhia se reuniu com a firma de seguros Aetna e debateu como seu relógio pode ser um indicador para encorajar comportamentos mais saudáveis. Uma parceria entre as empresas poderia entregar descontos para os usuários mais em forma, com base no perfil de prática de atividades captadas pelo smartwatch, por exemplo.
Who Wears the Apple Watch?
Por falar em atividades, o aparelho parece se tornar muito mais relevante para quem tem uma rotina mais movimentada. A julgar pelas campanhas e o marketing da empresa, o gadget está direcionado para executivos bem sucedidos. Já no caso da sua rotina ser mais monótona e sem tanta aventura, o relógio inteligente da Maçã serve bem para avisar que está na hora de levantar da cadeira ou para acompanhar discretamente se o seu táxi já chegou na saída do barzinho.
Clockwork Apple
A verdade é que nenhum produto resume tão bem a era pós-Jobs quanto o Apple Watch. O acessório tem todo polimento e força de marketing que são marcas dos lançamentos da casa do iPhone. No entanto, seja por acaso ou design, a companhia ainda não conseguiu emplacar um sucesso tão estrondoso para seu relógio inteligente. A própria marca parece estar tateando sobre o que é possível fazer com um dispositivo que tem como missão número um mostrar as horas. Ao contrário do que fez com o celular que, hoje em dia, é usado para tudo, menos ligações.
The Brief
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