Por muito tempo, o ícone de botão vermelho de play do YouTube significava um lugar quase obrigatório para os visitantes da rede mundial de computadores e um verdadeiro “patinho feio” nos reports do Google (e da Alphabet, depois). Afinal de contas, a plataforma nunca gerou muita receita e custou caro - USD 1,65 bilhões, para ser mais preciso. Agora, porém, o cenário é outro: apesar de protagonizar escândalos de diversos tamanhos e gerar várias dores de cabeça, parece que finalmente o jogo está virando e o serviço de vídeos se tornou tudo que a Big G sempre sonhou: uma grande fonte de renda. A Alfabeto não libera fiscais sobre o YouTube, mas costuma falar bem do seu filho para as visitas quando as coisas estão indo bem. E como foi isso que rolou na última reunião com os investidores, a gente já deixa imagina que a coisa deve ir bem para os lados do YT.
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A gigante de Mountain View contou aos seus acionistas que o site foi sua segunda maior fonte de renda no segmento de anúncios da Google entre abril e junho, perdendo apenas para os ganhos vindos da ferramenta de buscas. Mesmo com essa cortina de fumaça gigante, tem muita gente tentando adivinhar quanto o YT anda fazendo, e os números são grandes. No ano passado, a empresa de finanças Morgan Stanley disse que a marca teria um valuation de USD 160 bilhões se fosse independente, o suficiente para bater Netflix e Disney. Já o NYTimes (paywall) chuta que o serviço teria uma receita anual entre USD 16 bilhões e USD 25 bilhões. Para dar mais base para tudo isso, o Sensor Tower aponta que o YouTube é o app na categoria de fotos e vídeos onde os usuários mais gastam em smartphones e teve uma receita de USD 138 milhões entre abril e junho. O montante representa um crescimento de 220% em relação aos dados coletados no mesmo período do ano passado e, se a informação for precisa, mostra que um novo fator tem feito a diferença no negócio de Susan Wojcicki: as assinaturas
“Inscreva-se no meu serviço”
A Google matou o YouTube Red em 2018 e deu vida para uma nova assinatura Premium que engloba vídeos sem anúncio, séries originais e uma plataforma de streaming de música, tudo por um preço menor do que o de um hambúrguer gourmet: R$ 20,90 por mês. As estimativas apontam que a iniciativa já angariou 15 milhões de assinantes desde o lançamento. Os números ainda estão longe de alcançar rivais como o Apple Music e seus 60 milhões de usuários ou os 150 milhões da Netflix. Ainda assim, a Google já confirmou que a investida tem um crescimento anual de 60% e as músicas fazem 36% das pessoas voltarem para o site todos os dias, o que deixa as expectativas mais altas que as views de Despacito. Na época que deu seu palpite sobre o valor de mercado do YT, o Morgan Stanley apostou (paywall) que o lançamento do plano pago pode render monetização de usuário até 13 vezes maior para a empresa, tornando o negócio independente dos anúncios e tirando competidores como o TikTok dos pensamentos dos investidores.
“Aperte o sininho pra não perder...”
Apesar de ser o app de vídeo que mais fez gente gastar grana nos smartphones no último trimestre, o YouTube é o líder em um mercado cada vez mais lotado. E o Tiktok está de olho na coroa do matusalém dos vídeos. Além de ter ficado em terceiro no ranking de faturamento da Sensor Tower, a plataforma da ByteDance fechou o mês de junho com um crescimento anual de 588% na receita vinda de usuários. Ao todo, os tiktokers gastaram mais de USD 10 milhões comprando moedinhas para desbloquear interações no aplicativo. A Google já sacou que dar opções para as pessoas gastarem com seu criador preferido pode ser uma boa e já possui um programa de assinaturas que garante conteúdos, emojis e até itens exclusivos de youtubers. Sem os dados, no entanto, é difícil dizer se isso está dando certo. O que dá para dizer é que com uma rede de 1,8 bilhões de usuários gastando tempo e dinheiro em seu negócio, é difícil chamar o YT de patinho feio hoje em dia.
