Nos últimos dez anos, se alguém perguntar qual é a empresa com mais grana em conta do planeta você poderia dizer Apple de olhos fechados. Desde que ressurgiu, a mãe dos iPhones assumiu uma posição digna de invejar aquele seu tio muquirana que guarda fortunas debaixo do colchão. A marca californiana tinha grana suficiente para comprar, praticamente, o que quisesse pagando em dinheiro. Bem, isso não mudou. O que acontece é que chegou no pedaço uma companhia com o colchão ainda mais volumoso de verdinhas: a Alphabet. De acordo com números mais recentes, a dona do Google tem algo como uma montanha de dinheiro AKA USD 117 bilhões. E, qual a importância disso? Bem, mostra uma mudança interessante na estratégia da gigante de Cupertino – justamente, para reduzir essa reservas lÃquidas.
Um conto de duas contas bilionárias
Desde 2017, o caixa da Apple caiu de USD 163 bilhões para os atuais USD 102 bi. O que anda rolando é que a companhia, depois de certa pressão de investidores, passou a remunerar mais os acionistas com buybacks e dividendos. Já a Alphabet segue o caminho contrário: acumula seu suado dinheirinho para que ele possa ajudar na entrada ou mesmo criação de mercados novos. Um exemplo é o quanto a companhia investe em áreas como smartphones ou acessórios para casas inteligentes – que não necessariamente se pagam. Ou mesmo nos carangos autônomos da Waymo, que segue como uma aposta.
Dinheiro nunca é demais?
Espera aÃ, então, ter dinheiro demais é um problema? Não foi o que a gente disse. O fato é que tanta grana visÃvel torna dona da Google um alvo "fácil" em um momento para lá de delicado do ponto de vista polÃtico. A companhia já tomou multas que somam 8,2 bilhões de euros nos últimos dois anos – e está na mira do governo dos EUA. Some a isso o fato de que a Alphabet também se destaca entre as grandes empresas de tecnologia por não tomar uma postura mais agressiva em devolver o dinheiro aos acionistas. Isso mesmo após mudanças nas leis de tributação norte-americanas que deveriam incentivar esse tipo de movimentação. AÃ, já viu, né? Começa a rolar uma chiadeira.
Não traz a felicidade (de investidores)
Para usar a fortuna da Apple como exemplo: a resposta da Maçã à mudança foi gastar US 122 bilhões em recompra de ações e pagamento de dividendos nos últimos 18 meses. Já a mãe do Google gastou uma média de "apenas" US 1,7 bilhão por trimestre nos últimos quatro anos. Mas, as coisas estão para mudar. Na semana passada a companhia informou que seu board aprovou um programa de recompra de ações de USD 25 bilhões. E, pasmem, isso nem deve fazer lá muito estrago na montanha de dindim da Alfabeto. O que também não deve mudar são as prioridades financeiras da empresa das letrinhas: investimento em crescimento de longo prazo e suporte às aquisições.
Whole lotta money
Com uma situação tão confortável, alguns analistas chegam a apontar que não tem o menor sentido não remunerar os acionistas com mais generosidade. É aquela coisa, o bolo cresceu e ficou tão grande que não dividir pode ser considerado como um baita egoÃsmo. AÃ, de novo, alguém que tem demais não querendo dividir não chega a ser algo lá muito novo.