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Haja coração


O time chinês está escalado e vai para a partida com “Theshy” no topo e “Ning” — o craque do time — jogando na posição de caçador. A meiuca é dominada por “Rookie” e, de atirador, temos “Jackeylove”. Fechando no suporte, “Baolan”. No banco de reservas, a opção do técnico é “Duke”. Se você não entendeu lhufas das linhas anteriores, a gente explica: esse é o lineup da Invictus Gaming, equipe vencedora do Campeonato Mundial de League of Legends de 2018, que aconteceu na Coreia do Sul, no começo do mês.

Se você segue sem a mínima ideia do assunto, há uma probabilidade grande de ter mais do que 25 anos e curtir esportes mais “tradicionais”, como futebol e basquete nas suas horas vagas. Acontece que as pesquisas de audiência nos EUA mostram que a média de idade dos espectadores de transmissões esportivas vem aumentando nos últimos 16 anos. E nada indica que isso vai mudar. A não ser que a galera old school abrace as novas tecnologias, há uma chance da Copa do Mundo virar coisa da tia Mirthes.

É teste pra cardíaco

Fato é que os xovens da atualidade, tirando aqueles imbuídos do gene vintage no DNA, preferem passatempos que tenham um pezinho na internet do que o formato tradicional das transmissões esportivas. Afinal, nesse tipo de entretenimento tudo o que dá para fazer é ouvir os comentaristas tecendo comentários articulados (ou não) sobre um determinado momento da partida. O que soa bem chato quando passou a vida inteira se acostumando a interagir com jogos online ou entrar numa live para tentar arrancar aquele "Oi" do seu youtuber favorito.

Senhor Valdemar 

Uma pesquisa do Financial Times revela que o público entre 16 e 24 anos interage com o futebol, principalmente, por meios de tecnologias como jogos de videogame e via streaming. Afinal, ninguém tem mais tempo de perder horas do domingo acompanhando a rodada do Brasileirão. Ou o dia de descanso inteiro conferindo o que rolou na NFL. Mas isso não quer dizer que o setor esportivo ainda não tenha suas cartas na manga. O streaming, por exemplo, é uma das jogadas que não foi totalmente ensaiada pelos esportes tradicionais. E empresas gigantes de tecnologia podem sair do banco de reservas para virar esse jogo.

Agora eu se consagro

Com pinta de camisa 10, a Amazon é uma delas. Em junho, a companhia de Jeff Bezos fechou um acordo com a Premier League — como é chamada a primeira divisão do campeonato inglês de futebol — para transmitir partidas em seu serviço Prime Video. A gigante de Seattle também transmitiu o US Open, uma das competições mais importantes do circuito de tênis do planeta. Para o time amazônico, ter esse tipo de oferta de conteúdo se torna um diferencial em relação ao catálogo de Netflix, Hulu e outras concorrentes.

Nem se eu tivesse dois pulmões...

Outra solução encontrada por algumas modalidades foi lançar seus próprios serviços de assinatura para que o torcedor consuma as transmissões on-demand.  Nos EUA, associações de beisebol e basquete apostam na produção de conteúdos que mesclem transmissão em tempo real com ícones e informações transmitidas numa segunda tela. Desde o ano passado, a Major League Baseball está testando formas de incluir recursos de realidade aumentada em seus aplicativos. A ideia, trazendo para o nosso futebol, seria deixar que o telespectador consultasse ele mesmo infos como velocidade do chute ou se o tiro de meta está ou não correto.

Já a NBA investe pesado em engajamento social, liberando vídeos e imagens a rodo para a criação de memes e GIFS.  Para a liga de basquete, o resultado dessa estratégia pode muito bem ser comparado com uma cesta de três pontos de tão satisfatório: ela está recuperando sua base de telespectadores, fazendo da temporada 2017-2018 a mais assistida desde 2013.

Clássico é clássico e vice-versa 

Mesmo investindo num guarda-roupa mais juvenil, os campeonatos sabem que os eSports vieram para ficar. E, por isso mesmo, buscam garantir espaço nesse filão.  Em setembro, o Golden State Warriors, um dos principais nomes da NBA, abriu sua sede para receber a edição 2018 da fase americana de League of Legends. Os ‘Warriors’ também integram, junto com outras 14 equipes, um grupo de times que têm parcerias com equipes de games e com o canal ESPN, que vem colocando uma boa grana na transmissão de partidas de modalidades digitais. Na semana passada, Michael Jordan — sim, o ator de Space Jam — se juntou a esse time e investiu USD 26 milhões na aXiomatic, dona da marca Team Liquid, uma das companhias mais famosas de eSports da atualidade.
No caso do futebol, times como o PSG, Real Madrid, Flamengo, Santos e vários outros estão entrando na onda, com o simulador de futebol Fifa, por exemplo. Tudo para, quem sabe, chamar a atenção daquele seu priminho que não tira a cara do celular. É aquela história: quando o jogo está a mil, nossa naftalina sobe. 
Fonte: The Brief

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